Resenha: Carol, de Patricia Highsmith

sexta-feira, julho 27, 2018


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Therese Belivet vê Carol Aird pela primeira vez em uma loja de departamentos de Nova York, onde trabalha como vendedora. Carol está escolhendo um presente de Natal para a filha e resplandece numa aura de perfeita elegância. Observando-a do balcão, Therese está inteiramente despreparada para o choque de uma epifania erótica e para um amor que será imediatamente condenado por todos. Pois a vida de dona de casa suburbana de Carol é tão imbecilizante quanto o emprego de Therese, e ambas partem para uma jornada sem volta. Segundo romance de Patricia Highsmith (1921-1995) a ser publicado, esta história de obsessão e libertação sexual é um dos mais importantes romances de língua inglesa do século XX. Trata-se claramente do primeiro livro de prestígio a abordar o lesbianismo com certa naturalidade.


Título: The Prince of Salt, também conhecido como Carol 
Páginas: 312 | Autora: Patricia Highsmith | Adquira Online 
Avaliação pessoal: 

Estava pensando em dar cinco estrelas a esse livro antes mesmo de terminá-lo. Para começar falando sobre coisa boa, a primeira postagem do Rascunho Singular será sobre Carol, um livro que se passa na década de 50 e conta um romance entre duas mulheres. Conheci Carol através do filme (2016), e mesmo pensando que talvez tenha sido um dos meus filmes favoritos, o livro conseguiu superar em todos os aspectos.

A história é narrada em terceira pessoa, Therese Belivet é uma jovem que trabalha em uma loja de departamento e conhece Carol Aird, uma mulher que prendeu sua atenção desde o momento que seus olhos pousaram sobre ela. Carol tem uma filha, está passando por um divórcio, e toda sua aura encanta Therese.

"Era uma pessoa diferente daquela que estivera ali três semanas antes. Naquela manhã acordara na casa de Carol. Carol era como um segredo espalhando-se dentro dela, espalhando-se dentro daquela casa também, como uma luz invisível a todos, menos a ela. – Eu amo você. – Therese disse, só para ouvir as palavras. – Amo você, amo você."

Durante toda a narrativa, há a observação da evolução do personagem de Therese, que se inicia como uma menina que está em um relacionamento infeliz com seu namorado, e um tanto insatisfeita com o que faz, para uma mulher apaixonada por outra mulher. É retratado muito sutilmente o ritual de passagem da adolescência para a vida adulta.

Sem questionar sua sexualidade ou moralidade mesmo na década de 50, um tempo em que a homossexualidade era condenada e sem dúvidas um forte tabu, Therese é corajosa o suficiente para embarcar numa viagem pelos Estados Unidos com Carol, deixando todas suas incertezas e meio sentimentos para trás. A história se dá a partir do momento que ambas estão viajando rumo ao Oeste do país, sem um destino planejado. Entre os hotéis, nós, leitores, somos espectadores de um fervoroso romance, que também consta com diversas reviravoltas.

O livro trás um ambiente sensual, onde há intensidade em todas as investidas entre as personagens principais. O romance delas é narrado de forma natural, sem estereótipos ou tragédias. Pasmem com a notícia: LGBT+ também podem ter histórias felizes.

"Carol ergueu a mão lentamente e afastou seu cabelo para trás, dos dois lados, e Therese sorriu porque esse gesto era Carol, e era Carol que ela amava e sempre amaria."

O amor entre as duas mulheres é praticamente palpável - você sente a veemência dos sentimentos e a energia vibrante do desejo presente no relacionamento. O romance se desenvolve de forma lenta e sutil, contudo há desde sempre admiração subentendida em todos as descrições e diálogos.

A leitura flui de forma devagar, entretanto fácil, e quando o romance finalmente se inicia é possível escutar você mesmo suspirando um pouco, haha. É um livro que eu leria novamente sem dúvidas, e que me deixou com um sentimento muito confortável. É fascinante como um livro lésbico que fora escrito em 1950 consegue retratar o romance de forma tão pura e sincera.

O livro também conhecido como um símbolo de representatividade. A autora de The Prince of Salt, Patricia Highsmith, publicou um pós escrito relatando que diversas pessoas a enviaram cartas durante muito tempo, agradecendo pelo conteúdo ou dizendo que tinham uma história parecida. Outras, diziam sentir-se solitárias por não ter com quem dividir a natureza de sua sexualidade.

Carol é um misto de emoções profundas, eu super recomendo a todos que curtem uma boa leitura. É uma história que acontece em uma época em que a misoginia e a homofobia estavam muito presentes, e ambas as mulheres passam por cima de toda a sociedade, amando-se e se mostrando independentes.

The Prince of Salt tornou-se um dos meus livros favoritos.

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Blog criado em: 07/2018

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